A cultura da região sul foi influenciada pelos imigrantes que vieram da Europa, na segunda metade do século XIX. Uma herança de espanhóis, negros, portugueses, alemães, italianos, dentre outros. Por isso, surgiram vários elementos que tornaram a região única e cheia de detalhes na arquitetura, na música, na literatura, nas danças e em suas celebrações.
Por exemplo, na literatura, é possível citar escritores famosos como Alcides Maia, Érico Veríssimo, Luís Fernando Veríssimo, Mario Quintana, do Rio Grande do Sul. Já nas músicas, há a presença das folclóricas, como do pau-de-fita e estilos como o xote, a valsa, o vaneirão, dentre outros, que irão variar de acordo com o estado.
As danças folclóricas e típicas da região sul são realizadas em grupo ou individualmente.
No Paraná e em Santa Catarina, pode-se conferir a Balainha, que é feita com pares de dançarinos que utilizam um arco com flores. Outro tipo de dança bastante conhecido na região é o fandango, que possui muitos passos variados e que é acompanhada por instrumentos como a gaita e o violão.
Dança de origem portuguesa, onde os dançarinos ficam ao redor de um mastro fixado no chão, com cerca de três metros e que possui diversas fitas coloridas. Os dançarinos devem estar em par, sendo que cada um segura uma fita e dançam girando em torno do mastro até formar um trançado. Não há uma música especifica para a dança, mas é comun utilizar instrumentos como violão, acordeão, cavaquinho e pandeiro.
Tipo de dança portuguesa que foi levada para as regiões litorâneas do Paraná. Nela, os dançarinos formam uma roda e iniciam com passos de valsa, palmas e sapateado. Tendo recebido influência indígena, a dança também é encontrada nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em Santa Catarina, as mais comuns são a Dança do Vilão, Boi de Mamão e Balainha.
Conhecida também como boi-bumbá, bumba-meu-boi, dentre outros nomes, é uma dança animada ao som de repentistas com personagens diversos tais como a boneca Maricota, um tipo de crocodilo chamado Bernúncia, e outros animais. A encenação se diferencia das da Região Norte e Nordeste, por ser mais alegre e cheia de brincadeiras.
É uma dança folclórica de Santa Catarina. A coreografia é realizada como se fosse um jogo. Entram em cena balizadores, regentes, chefe do grupo, músicos e batedores. Os participantes com bastões de madeira fazem batidas nos bastões de seus parceiros, como se fosse uma luta, ao ritmo do regente e da música.
Os casais dançarinos seguram um arco florido, realizando movimentos chamados de “balainhas”. Em fila, eles passam os arcos, por cima e por baixo um dos outros. Essa dança pode acontecer em festas juninas, antes da apresentação do pau-de-fita ou da encenação do boi-de-mamão.
No Rio Grande do Sul, as danças típicas receberam influências dos imigrantes e da proximidade com a fronteira do Brasil. As principais são o Vaneirão, a Chula, a Milonga e a Chimarrita.
Dependendo do ritmo, é chamada de vaneira (passos moderados), vaneirinha (passos lentos) ou vaneirão (passos rápidos). A dança teve origem em Havana (Cuba), influenciando além do Rio Grande do Sul, o samba do Rio de Janeiro. Os casais dançam com o famoso movimento de dois para lá e dois para cá.
Dança de origem portuguesa realizada por homens, como um desafio, ao som da gaita gaúcha. Dois ou três homens ficam posicionados nas extremidades de uma lança que é colocada no chão. Alguns começam a sapatear, realizando vários passos complexos e na vez do outro dançarino, este deve fazer passos mais difíceis dos que foram executados. O ganhador será aquele que realizar a coreografia mais difícil e bem elaborada, sem encostar na vara.
Dança famosa no Uruguai e Argentina, que é dançada ao som da viola e outros instrumentos. É uma dança romântica, semelhante ao tango, porém mais lenta.
Dança trazida de Portugal para o Brasil, no século XIX. Antigamente, os casais dançavam juntos, como numa valsa, depois começaram a dançar mais separados, em diferentes direções. A mulher é chamada de prenda e o homem de peão.
Outras danças populares do estado são: Chote, Contrapasso, Marcha, Polca, Chamamé, Rancheira, Mazurca, Pezinho, dentre outras.
Folclore são mitos e lendas passadas para as pessoas ao longo dos anos. Alguns ocorreram realmente, mas a maioria das histórias foram criadas pelas pessoas para assustar ou para aplicar uma lição nos demais. Dividido entre lendas e mitos, as lendas são histórias que são contadas para diversas pessoas no boca a boca e mesclam ficção e fatos históricos. Já os mitos possuem características mais simbólicas, com o objetivo de explicar acontecimentos na natureza.
Um dos principais personagens do folclore brasileiro e da região sul é o saci ou Saci-pererê. Surgiu entre tribos indígenas que ficavam na região sul do Brasil, por volta do século XVIII. No sul, ele é representado como um menino moreno e com rabo que apronta peripécias na floresta. Ele utiliza uma carapuça vermelha e tem apenas uma perna. Além disso, é representado fumando cachimbo e segundo a lenda, para capturá-lo, é necessário pegar a carapuça e escondê-la.
Outra lenda da região é a do Boitatá, um monstro em formato de cobra. Segundo contam, ele se escondeu de um dilúvio em um buraco e por isso seus olhos ficaram maiores. Em algumas histórias, as pessoas acreditam que ele possui bolas de fogo no lugar onde ficam os olhos.
Já em Santa Catarina, acreditam que ele coma os olhos dos animais que mata e por isso tenha essa visão flamejante. Durante o dia, ele fica cego e enxerga apenas a noite, quando sai para caçar. Seu nome, na linguagem indígena significa 'coisa de fogo'.
A lenda do negrinho do pastoreio é famosa na região sul do Brasil e surgiu no fim do século XIX, no Rio Grande do Sul. Foi contada por vários autores como Apolinário Porto Alegre, Simões Lopes Neto, Barbosa Lessa, dentre outros. Foi encenada em peças teatrais, em formato de poesias ou músicas do estado, se transformando até em símbolo. A versão mais disseminada é a de Simões Lopes, publicada em folhetim (1906) e livro da coletânea “Lendas do Sul” (1913). Além dessa versão, existem outras espalhadas pelo Brasil e também em países como Paraguai, Argentina e Uruguai.
De acordo com a história, havia um estancieiro malvado que ordenou a um menino escravo que pastoreasse alguns animais novos. O garoto, que não tinha nome, dizia que era afilhado de Nossa Senhora, fez o que lhe mandaram, apesar de ter perdido um dos animais. O feitor viu o que havia acontecido, e o açoitou até sangrar. No dia seguinte, o feitor ordenou que ele buscasse o cavalo perdido, mas o menino não teve sucesso, e ao retornar para a senzala, levou várias chibatadas e ficou amarrado sobre um formigueiro a noite toda. Quando amanheceu, as marcas haviam sumido e ele não havia nenhuma picada de formiga em seu corpo. Ao seu lado apareceu uma imagem de Nossa Senhora, além do animal fugitivo. O feitor se arrependeu do que fez, pediu perdão e o Negrinho foi embora com o cavalo. Para aqueles que creem na lenda, para objetos pedidos, pode-se fazer uma oração para o Negrinho, que estes retornam para o dono.
O curupira é outro personagem difundido no folclore do sul. Ele é representado por um menino com cabelo esvoaçante que possui os pés para trás. Ele é responsável por proteger a floresta e os animais. A lenda diz ainda que ele anda montado em um porco do mato e que possui a capacidade de iludir quem o caça. Os pés virados iludem o caçador que se perde na floresta ao tentar caçá-lo. Quem acredita na história evita caçar bichos às sextas-feiras com lua cheia, nos domingos e nos dias santos.
As festas da região sul são marcadas pelas tradições trazidas pelos colonizadores e também imigrantes, a culinária regional, bem como a produção agropecuária. Essas celebrações típicas atraem pessoas de cidades vizinhas e também de outros estados do Brasil.
Essa festa acontece na cidade turística de Blumenau, em Santa Catarina, e foi inspirada na festa homônima ocorrida em Munique na Alemanha. A primeira edição aconteceu em 1984 e surgiu com o intuito de divulgar as tradições alemãs no estado brasileiro. Atualmente, é a segunda festa alemã do mundo. O evento ocorre em outubro, com duração de 18 dias e recebe milhares de visitantes todos os anos. Acontecem apresentações musicais, danças, desfiles, gastronomia e chope.
A festa alemã surgiu em 1810, em Munique, quando o Rei Luis I, chamado posteriormente de Rei da Baviera, se casou com a Princesa Tereza da Saxônia. Para comemorar, ele fez uma corrida de cavalos. Essa festa foi um sucesso e todos os anos foi realizada com a presença de todos da região. Para homenagear a princesa, o local adquiriu o nome de Gramado de Tereza. Quando a festa foi levada para Munique, o primeiro trem transportava as pessoas ao evento em 1840. O evento contou com uma estrutura de barracas, apresentações e a cerveja, que até então, era proibida, só começou a ser servida em 1918. Por conta das guerras e a epidemia de cólera, deixou de ser realizada 25 vezes.
A primeira festa da uva aconteceu em 1931, na cidade de Caxias do Sul, no Rio grande do Sul. Por produzir a maior parte das uvas do estado, a cidade resolveu fazer uma festa para celebrar a fartura e a produção de vinho.
Um fato curioso é que, durante a Segunda Guerra Mundial, a festa foi interrompida por treze anos. Atualmente, o evento conta com a apresentação de diversos carros alegóricos, concursos e comidas típicas. Ocorre também a eleição de soberanas e embaixatrizes da festa da uva.
A marejada é uma festa ocorrida na cidade de Itajaí, em Santa Catarina. Esse evento abriga apresentações que lembram o mar. Isso interfere na culinária, nas exposições e apresentações ocorridas durante a festa que teve sua primeira edição em 1987.
Esse festival foi criado depois que ocorreu uma Mostra de Cinema. A primeira edição ocorreu em 1973 e incentiva o cinema brasileiro. Os atores e produções premiados no evento recebem o Kikito de Ouro, uma estatueta que significa o deus do bom humor.
Essa festa religiosa ocorre em Santa Catarina todos os anos. A imagem de Nossa Senhora é levada por embarcações em uma procissão pelo mar.